L’Osservatore Romano
O cardeal Leonardo Sandri, prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, anunciou nesta entrevista ao nosso jornal, um recenseamento de todos os sacerdotes católicos presentes na Síria para se ocupar mais facilmente do seu sustentamento e necessidades espirituais. Isto insere-se entre as outras já iniciadas pelo dicastério, em colaboração com outros organismos caritativos e assistenciais, para aliviar os sofrimentos dos cristãos que vivem nos países do Médio Oriente.

A oração pelo povo sírio feita pelo Papa Francisco e por toda a Igreja é contínua. Na sua opinião a paz ainda está tão distante?
O novo ano traz sempre consigo desejos de paz. O Papa faz-se seu promotor com inabalável esperança. A paz funda-se no reconhecimento da pertença comum de cada homem e mulher ao projecto criativo que Deus Pai realizou no Filho, o Crucificado que ressuscitou, tornando-nos irmãos. Mas a história que estamos a viver infelizmente confirma que o Médio Oriente representa a área na qual a paz está mais ferida.
São também preocupantes as notícias que chegam do Iraque, Egipto e do Líbano.
O destino destas nações preocupam como a da Síria. O Papa procura oferecer-lhes toda a solicitude possível: recentemente nomeou três bispos para a Igreja caldeia, que o patriarca Louis Sako ordenou em Bagdad a 24 de Janeiro passado. São sinais fortes que o Santo Padre quer oferecer às Igrejas e ao mundo para que se tome consciência de que, apesar de tudo, a Igreja católica no Médio Oriente progride e continuará em nome do Senhor.
Depois de 50 anos da histórica visita de Paulo VI, este aniversário assume um valor particular à luz da próxima visita do Papa Francisco. Poderá ser uma ocasião para uma viragem no conflito israelo-palestiniano?
A dimensão das visitas papais é sempre espiritual, mas certamente desperta os recursos mais inesperados a todos os níveis favorecendo o encontro entre as partes e aquele diálogo que às vezes lança as bases para a futura concórdia. Estão em curso contactos ordinários entre a Santa Sé e o Estado de Israel por um lado, e por outro com o Estado Palestiniano, a nível de comissões de trabalho. É importante recordar a peculiaridade ecuménica deste encontro e fazer com que na sua unidade todos os baptizados o preparem fazendo-se desde agora instrumentos de paz, como indivíduos e comunidades. A semana de oração pela unidade dos cristãos que acabou de se concluir recordou-nos as palavras que em cada missa precedem a comunhão: pede-se ao Senhor para a sua Igreja o dom da unidade e da paz. Não olhes, Senhor, para os nossos pecados mas restabelece em toda a parte o entendimento e a concórdia. E o abraço que se deram o Papa Francisco e o patriarca Bartolomeu, depois de 50 anos do primeiro entre Paulo VI e Atenágoras, possa ser expressão de um anseio pessoal e eclesial, pela unidade. De facto, Cristo não está dividido.
Nicola Gori
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