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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

014-02-03 L’Osservatore Romano
Há sessenta anos, a 1 de Fevereiro de 1954, o padre Henri Grouès, mais conhecido como abbé Pierre, através dos microfones da Rádio Luxemburgo lançava um apelo para o socorro dos desabrigados – «Meus amigos, socorro!» – destinado a despertar as consciências e a desencadear na França uma verdadeira «insurreição da bondade». 
O evento, por iniciativa do movimento Emaús (organização caritativa fundada pelo mesmo religioso, falecido em 2007 com 94 anos), foi recordado em mais de quarenta cidades francesas. Na capital, foi realizada uma manifestação nos jardins do Palácio Real. O jornal «la Croix» de 1-2 de Fevereiro dedicou-lhe a primeira página e um dossier nas páginas internas. E, no site do episcopado francês, o apelo do inverno de 1954 foi recordado pelo arcebispo de Rouen, D. Jean-Charles Descubes, que era então adolescente e disse que permaneceu «profundamente marcado» pelas palavras do abbé Pierre, que naquela época foram capazes de iniciar uma «mobilização» geral na qual participaram adultos e jovens. «Foi uma das primeiras vezes que se chamava a atenção para um importante fenómeno social, a falta de casas, o problema dos desabrigados», disse o prelado, que hoje compara a figura do abbé Pierre com a personalidade do Papa Francisco.
O texto do apelo de 1 de Fevereiro de 1954
Meus amigos, socorro! Uma mulher faleceu de frio às 3h00 da madrugada, na calçada da rua Sebastopoli. Entre as mãos um bilhete com o qual tinha sido despejada anteontem. Todas as noites há mais de dois mil pobres nas nossas calçadas que sofrem o frio, morrem por falta de alimento, de pão, de casa. Alguns estão quase nus. Escutai-me. Em três horas criaram-se os dois primeiros centros de socorro: um sob uma tenda, aos pés do Panteão, na rua Montagne Sainte-Geneviève, o outro em Courbevoie. Estão superlotados. É preciso que nesta madrugada, em cada cidade da França, em todos os bairros de Paris, se abram centros de socorro, nos quais esta pobre gente possa encontrar cobertores, palha, sopa e um sorriso de pessoas amigas. Na porta, à luz de uma lâmpada, pendure-se um cartaz com as palavras «Centro fraterno de socorro», sob o qual se possam ler estas simples palavras: «Se sofres, quem quer que sejas, entra, come, dorme, reencontra a esperança, aqui tu és amado». Os boletins metereológicos anunciam um mês terrível de gelo. Enquanto o inverno não terminar, enquanto existirem centros, diante dos seus irmãos que morrem em pobreza, toda a humanidade deveria ter uma única vontade: impedir esta situação. Suplico-vos, fazei com que vos ameis uns aos outros para poder realizar isto agora. Deste sofrimento, deixai que nos seja oferecida uma coisa maravilhosa: o espírito de partilha da França. Obrigado! Cada um pode ajudar estes desabrigados. Para esta noite, o mais tardar para amanhã, precisamos de cinco mil cobertores, trezentas tendas militares grandes, duzentas estufas catalíticas. Fazei com que chegue rapidamente tudo isto ao Hôtel Rochester, rua Le Boétie, número 92. O rendez-vous para os voluntários e os autocarros para os levar: hoje à noite às 11h00, em frente da tenda da rua Montagne Sainte-Geneviève. Obrigado a vós, em Paris esta noite nenhum homem, nenhuma criança dormirá no chão ou nos bancos. Obrigado.
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